Vida de Samuel Richard Decker

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(Missionário que trabalhou com "União Missionária Neo-Testamentária"
na América do Sul)

Samuel Richard Decker, nasceu em Paterson, New Jersey (USA), em  23 de março de 1.899, filho de imigrantes holandeses que haviam chegado aos EUA já adultos. Foi criado religiosamente na doutrina da Igreja Reformada  (holandesa), mas só conheceu o evangelho aos 17 anos de idade por intermédio do testemunho de um companheiro de trabalho.

 Confiou na obra redentora de Cristo Jesus e logo passou a assistir às reuniões de uma igreja batista, onde havia bom ensino e onde muitos dos homens da congregação eram homens que sabiam da importância da oração e evangelizavam sem temor.

Sentindo que Deus o estava chamando para a obra missionária, ingressou no Moody Bible Institute ( Instituto Bíblico Moody), o mais conhecido dos institutos bíblicos evangélicos da época, em 1.922. Em 1.924 terminou o curso de missões e saiu para a obra, ainda que não antes de pedir em casamento a Stª Mary Elianor Sthephenson, em Março desse ano. Ela havia graduado em Dezembro de 1923, mas havia ficado em Chicago para fazer um curso rápido de noções médicas, que seriam úteis onde quer que fosse. Ela não ia poder sair para a América do sul tão logo, e o Sr. Samuel já estava com “o pé no estrivo”.
 
        O Sr. Samuel saiu para o Brasil em Março de 1925, indo direto para Corumbá, MS, que nessa época era um tipo de quartel general para os missionários que queriam trabalhar entre as tribos Bororo e Ñambicuara e as cidades ao norte. A melhor maneira de chegar a esses lugares era por água, subindo o rio Paraguay desde Corumbá. Sr. Samuel sentiu trabalhar mais para o lado boliviano, e assim passou a trabalhar em Puerto Suarez, a 23 km. De Corumbá, e depois passou a morar lá.


Local em Puerto Suarez -Bolívia

Em Janeiro de 1926 o Sr. Samuel saiu de Corumbá com um colega missionário, John Mackinnon, rumo a São Luis de Cáceres (Brasil), montados à cavalos. Iam sem guias, pois, não tinham recursos para pagar o que custaria as passagens. Esta viagem de reconhecimento durou nove semanas, e os levou por Puerto Suarez, Santa Ana, Santiago, San José, San Rafael, San Miguel, San Inácio de Velasco e daí ao nascente pelos pequenos povoados da fronteira até Cáceres.  De Cáceres à Corumbá viajaram em lancha. Como era época de chuvas, passaram por muitos pântanos e rios durante a viagem, e sofreram muito com os mosquitos, moscas e outros insetos flebótomos.

 
       Enquanto isso, dona Maria conseguia o sustento necessário e embarcou com mais outros em direção à Argentina. Chegou em Posadas, Missiones, em Outubro de 1926. Naquele tempo, o escritório central da missão ficava em Posadas. Seu noivo, Sr. Samuel, tinha que esperar um ano para poder casar-se com sua noiva, pois, naqueles tempos havia uma regra na missão, que dizia que os solteiros não podiam casar-se antes de passar um ano na obra. Mas não tardou muito em chegar o tão esperado dia, e o Sr. Samuel se casou com dona Maria em Posadas, Argentina em 15 de outubro de 1927. Logo seguiram rio acima para morar em Puerto Suarez, Bolívia.
 
        Em Novembro de 1928, nasceu o primeiro filho, William Kenneth, em Puerto Suarez. Nessa época, havia uma Escola Dominical  que era composta de mais de vinte jovens. Em 1930, a família Decker fez uma viagem até Santo Corazon, nas montanhas de Sunsás, utilizando um ford modelo “T” como veículo. Houveram muitas oportunidades para pregar o evangelho, especialmente em Santo Corazon, onde o cacique reuniu o povo inteiro para ouvir a mensagem pelo fato de  Sr. Samuel  ter lhe salvado a vida, pois o encontrou nas últimas, devido a uma infeção avançadíssima no braço esquerdo.
 
       Em 1931 os Deckers viajaram para a América do Norte a fim de visitar amigos e igrejas nos Estados Unidos e Canadá, fazendo conhecer a obra que estavam levando a cabo no oriente boliviano. Voltaram a Puerto Suarez em meados do ano seguinte, 1932. Uns dias antes do fim do ano nasceu o segundo filho, Donald Parker, em Puerto Suarez.
 
       O próximo ano, 1933, Sr. Samuel e um irmão missionário de outra missão, George Haight, fizeram visitas de carro de boi pelos povoados, do oriente até perto de Guarayos. Ao mesmo tempo que pregavam, iam vendo as possibilidades para a obra missionária. Enfrentaram muitos obstáculos, especialmente da parte dos padres, que mandavam em todo o mundo. Os principais povoados foram: Santiago, Roboré, San José, San Miguel e San Ignácio.


Samuel, senhora Maria e Filhos

 Durante esses anos, a obra ia crescendo em Puerto Suarez e seus arredores. Em 1932, Bolívia e Paraguay chegaram ao estado de guerra, por causa das coisas relativas à região chamada Chaco Boreal. A guerra mudou a vida de Puerto Suarez, pois, milhares de soldados do interior, se incorporaram à guerra via  puerto Suarez, que era o povoado mais perto da ação oriental. Dizem que em Chaco Boreal, morreram mais combatentes de sede que de balas. As hostilidades duraram até 1935. Muitos ouviram o evangelho pela primeira (e talvez última) vez em Puerto Suarez, e muitos professaram crer em Cristo como Salvador.  Anos depois Sr. Samuel ainda recebia uma e outra carta de crentes do interior que estavam firmes em sua fé em Cristo.

Em 1934, dona Maria viajou à Buenos Aires, onde nasceu-lhe uma filha, Lois Irene. A razão de uma viagem tão longa para dar a luz foi que houve problema no parto de Donald, e em Puerto Suarez e Corumbá, os recursos médicos eram bastantes escassos. E também, o escritório central da missão havia sido mudado para Buenos Aires, onde haviam hospitais dos melhores.
 
        Nos finais de 1937, Sr. Samuel sentiu que devia passar um tempo em San Matías, um vilarejo que havia visitado quando viajou pelo oriente em 1926, e que faz fronteira com a região de S. Luís de Cáceres (Brasil). Essa viagem foi feita parte em lancha, pelo rio Paraguay, e outra parte por carro de boi. Ia a família toda, com duas moças de Puerto Suarez, um jovem e o dono do carro de boi. A estadia de seis meses em San Matías, foi duramente combatida pelo padre do lugar, que chegou a planejar incendiar a casa da família (que servia também de local de reuniões). O comandante militar soube do plano e interveio energicamente. Quando os Deckers saíram de San Matías em 1938, havia um pequeno grupo que se reunia fielmente.
 
       Logo do regresso de San Matías, os Deckers viajaram de novo para os Estados Unidos e Canadá. Em Agosto do ano seguinte, 1939, voltaram a Puerto Suarez. Deixaram em um internato os dois filhos maiores, Kenneth e Donald. Pouco sabiam que passariam seis anos antes de vê-los de novo, pois a Segunda Guerra Mundial já estava para estourar.
 
        No mesmo ano, Novembro, nasceu o quarto filho, David Gilmour, em Corumbá. Depois do nascimento de David, Sr. Samuel fez outra viagem pelo oriente (estado de Santa Cruz), desta vez em companhia do colega missionário (da S. A. I. M.) Sr. Bill Hammond, mais conhecido como Sr. Guilhermo. Esta viagem os levou até Concepción e San Javier, na província de Nulfo de Chavez, passando pelas missões católicas desde Roboré. Foram duramente combatidos pelos padres, especialmente os de Concepción, um austríaco muito zeloso de sua fé católica romana. Proibiu aos seus paroquianos a dar aos “herejes”, alimentos e abrigos, mas sempre havia quem estivesse aborrecido com o padre, ou fora de sentimentos anti-clericais para dar-lhes pensão e lugar para pregar e dormir. Os dois missionários queriam abrir novos trabalhos e sentiram que Concepción e San Ignácio seriam os povoados mais estratégicos. O Sr. Guilhermo foi morar em San Ignácio, e antes do fim do ano  de 1940, o Sr. Samuel se mudou para Concepción, deixando a obra em Puerto Suarez nas mãos de presbíteros. Tanto Concepción quanto San Ignácio eram portas para as borrachas, as terras da seringueira por onde correu muito dinheiro e contrabando. Os Deckers moraram em Concepción até quase um ano depois do fim da guerra, viajando aos Estados Unidos em Junho de 1946.
 
     Ao voltar da América do Norte em Outubro de 1947, (dos filhos, só David com eles), se radicaram de novo em Puerto Suarez, ponto de partida para alguns anos de intenso trabalho ao longo da linha férrea que estava sendo construída entre Corumbá e Santa Cruz, passando por Puerto Suarez, Roboré, San José e várias outras estações menores. Foi uma época de muito movimento na região, com brasileiros e bolivianos trabalhando juntos. Os Deckers se dedicaram à evangelização, viajando sempre até El Carmem, onde tinham uma casinha e onde se estabeleceu uma congregação. Mais tarde estenderam seu raio de ação até Roboré e El Portón. O resultado de todo esse trablho foi o estabelecimento de pequenos grupos em Motacucito, Yacuses, Santa Ana, Naranjos e Portón. Em Roboré, evangelizaram entre os brasileiros que trabalhavam como professores e também colaboraram com a igreja evangélica do povoado. Foram anos de muitas bênçãos. Quando os brasileiros se retiraram, ao finalizarem-se os  trabalhos de implantação de uma via férrea normal, decaiu o movimento, muitas estações foram abandonadas e alguns grupos se desfizeram ou foram incorporados por outros grupos. Mas a Palavra havia sido semeada em muitos corações.
 
      Durante esse tempo o sr. Samuel não deixou de dar assistência à obra em Puerto Suarez, e de vez em quando ministrava em Corumbá. No ano de 1.955, seu filho Kenneth e sua nora Ruth se radicaram em Roboré, donde permaneceram até meados de 1.965. isto aliviou a carga que o sr. Samuel levava, tanto que no mesmo ano de 1.955, ele e dona Maria fizeram outra viagem à América do Norte, por um ano. Ao regressar, continuaram em Puerto Suarez, trabalhando pela linha férrea  até El Carmem e Santa Ana e fazendo visitas de vez em quando às congregações no Brasil.


Missionário Samuel e sua esposa Maria, Missionário Genaro e sua esposa Laura

      O sr. Samuel e dona Maria decidiram fixar residência em Corumbá, por haver mais recursos médicos que em Puerto Suarez, e por não prejudicar seu atendimento à obra na Bolívia. Isto fizeram em 1.970, e logo em 1.971 fizeram uma viagem ao exterior por seis meses. Kenneth e Ruth já se haviam mudado para Araçatuba, estado de São Paulo, em  janeiro de 1.967. Foram para substituir o casal  Charles e Margery Harris por um ano, mas acabaram ficando, sem contar uma ausência de 1.974 a 1.977 (nos EUA). Em 1.975, o sr. Samuel se mudou para Araçatuba para ajudar na obra ali e cuidar da casa do filho, pois os seis meses de viagem planejados, se converteram em três anos. Ainda que depois do regresso de Ken e Ruth, em 1.977, e de sua própria volta da América do Norte (nov.77 a nov.78) os velhos Decker decidiram  ficar em Araçatuba. Havendo buscado durante algum tempo, e sem êxito, uma casa adequada para eles, se fez patente que não estavam em condições de viver sós, e que o melhor seria que ficassem com Ken e Ruth, o que acabou acontecendo.
 
      Em outubro de 1.977, preparou-se uma comemoração dos 50 anos de vida matrimonial do sr. Samuel e dona Maria. Isto se fez em Puerto Suarez, e contou com a presença de irmãos de Corumbá e de Puerto Suarez, como também de vários amigos dos primeiros anos de vida dos Decker na cidade. Gratas recordações...
 
      Um Domingo em fins de junho de 1981, aos 82 anos, o sr. Samuel teve um pequeno derrame cerebral ao preparar-se para ir ao culto da Mesa do Senhor. Foi levado ao hospital da cidade e em três dias estava melhor.  De repente piorou e o transferiram para a sala de cuidados intensivos, mas lá entrou em coma. Na semana, acordou repentinamente e parecia estar perfeitamente bem. Contudo, três dias depois que acordou, teve embolia pulmonar fulminante. Foi à presença do Senhor durante a madrugada de 10 de julho. Havia acabado a carreira. Foi receber seu galardão, pela grande misericórdia e graça do Senhor. Deixou sua viúva dona Maria, 4 filhos, 19 netos e uma bisneta.
 
    Em outubro do mesmo ano, dona Maria viajou aos EUA acompanhada da sua nora Ruth, com a idéia de ficar com a filha Loida. Mas não houve como convencê-la da idéia. Acabou voltando com Ruth. Em Julho de 1.996, completou 96 anos de idade. Sua mente já não funcionava bem, porém o corpo estava forte. Ficou com Ken e Ruth, até o encontro com o Senhor  no dia 14 de julho  de 1.997.

“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” 2 Tm.4:7,8